
Conhecimento sobre lesão por pressão: estudo aponta desafios e necessidade de educação permanente entre profissionais de enfermagem em Jati-CE
A lesão por pressão (LP) é um dano na pele e/ou tecidos moles, geralmente sobre proeminências ósseas, causado pelo uso de dispositivos médicos ou outros artefatos. Sua origem é complexa, envolvendo fatores do paciente e do ambiente, como idade avançada, comorbidades, estado nutricional, mobilidade reduzida e nível de consciência. Em 2018, as LP foram o terceiro evento mais notificado no Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS), com 19.297 registros, destacando a necessidade de melhorar a vigilância, notificação e monitoramento para uma assistência mais segura e eficaz.
Neste contexto, o estudo “Conhecimento dos profissionais de enfermagem sobre lesão por pressão no Sistema Único de Saúde de Jati, Ceará”, realizado por Israely Gomes de Lucena, analisou o conhecimento dos profissionais de enfermagem sobre lesão por pressão no Hospital Municipal e na Estratégia de Saúde da Família (ESF) do SUS, no município de Jati-CE. O trabalho identificou maior percentual de acertos para o conhecimento sobre a prevenção da LP (70,3%), quando comparado às questões sobre a classificação, situada em bom (48,4%).
A mostra avaliou 31 profissionais de enfermagem, entre técnicos e enfermeiros, que atuam na assistência no Sistema Único de Saúde (SUS) do município de Jati, localizado na região sul do Ceará e vinculado à 19ª Área Descentralizada de Saúde. Nenhum dos profissionais de nível superior apresentavam especialização em estomatologia e em nenhuma área de dermatologia. A pesquisa constatou que o número médio de acertos foi de 29,2 questões, o que representa um percentual médio de 71,3%, correspondendo a um bom nível de conhecimento sobre LP.
Para chegar a essas conclusões, Israely utilizou um questionário semi estruturado e padronizado, o Teste de Conhecimento sobre Lesão por Pressão de Caliri-Pieper (TCLP Caliri-Pieper), que aborda dados sociodemográficos, educacionais e conhecimento sobre prevenção e classificação da LP. O estudo, de caráter observacional e descritivo, foi realizado em setembro de 2024.
A análise estatística não encontrou relação significativa entre características demográficas, formação profissional e percentual de acertos, nem impacto do tempo de atuação no conhecimento sobre prevenção e classificação da lesão por pressão (LP). No entanto, os profissionais do Hospital Municipal demonstraram 100% de acertos na classificação da LP, enquanto aqueles da Estratégia Saúde da Família (ESF) tiveram desempenho inferior. De modo geral, o estudo apontou um bom nível de conhecimento sobre LP entre os participantes, mas ressaltou a necessidade de educação permanente, especialmente para os profissionais da ESF, com foco em cuidados domiciliares e maior envolvimento familiar na assistência.
A pesquisadora destaca a importância do conhecimento dos profissionais de enfermagem sobre lesão por pressão para o planejamento de ações preventivas individualizadas e eficazes. Para ela, é fundamental fortalecer a educação permanente desses profissionais, garantindo a qualificação contínua e impactando diretamente a qualidade da assistência prestada. “A enfermagem desempenha um papel essencial na implementação de medidas preventivas e sistemáticas de cuidado, seguindo protocolos baseados em diretrizes internacionais. Esses profissionais, que estão ao lado dos pacientes 24 horas por dia, têm prioridade no cuidado preventivo, colaborando para corrigir possíveis falhas e aprimorar a assistência na prevenção e no tratamento da lesão por pressão”, ressalta Israely.
O trabalho de Israely foi orientado pela professora Maria de Fátima Pessoa Militão de Albuquerque, do Instituto Aggeu Magalhães – Fiocruz Pernambuco. Os resultados foram apresentados como trabalho de conclusão do Mestrado Profissional do Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública Fiocruz Pernambuco, que integra o consórcio para oferta do Programa VigiLabSaúde-Fiocruz.
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