
Estudo avalia Vigilância Sentinela de Síndrome Gripal no município do Rio de Janeiro
Implementada em 2000 para monitorar a influenza, a Vigilância Sentinela de Síndromes Gripais no Brasil fortalece a Vigilância Epidemiológica de vírus respiratórios ao identificar os vírus de relevância para a saúde pública que circulam no país. A Organização Mundial da Saúde (OMS) destaca que a representatividade desse sistema é essencial para garantir um monitoramento populacional eficaz.
Com o objetivo de aprimorar o funcionamento do sistema no Rio de Janeiro, a enfermeira sanitarista Karoline Moreira Duffrayer realizou o estudo "Avaliação dos atributos da Vigilância Sentinela de Síndrome Gripal no município do Rio de Janeiro, 2019 a 2023". A pesquisa concluiu que o sistema de vigilância no local estudado demonstrou ser oportuno, representativo, sensível, satisfatório e flexível.
Karoline analisou atributos quantitativos — oportunidade, representatividade, sensibilidade e valor preditivo positivo (VPP) — e qualitativos — flexibilidade e qualidade dos dados — para compreender o comportamento de cada vírus a partir de coletas realizadas em diferentes faixas etárias e períodos. Para minimizar possíveis vieses de informação, considerando que a definição dos parâmetros de avaliação é de responsabilidade do avaliador, os atributos foram analisados com base em estudos anteriores, garantindo maior consistência nos resultados.
Os resultados apontaram que, entre 2019 e 2023, mais de 97% das amostras foram coletadas dentro do prazo adequado. Em 2019, todas as coletas foram consideradas oportunas. Nos anos seguintes, os percentuais seguiram elevados: 97,4% em 2020, 99,4% em 2021, 99,3% em 2022 e 99,7% em 2023.
A representatividade mostrou que o sistema conseguiu descrever os casos de síndrome gripal atendidos em unidades sentinelas considerando aspectos como pessoa, tempo e lugar, oferecendo um panorama detalhado do comportamento epidemiológico no município.
A flexibilidade do Sistema de Vigilância em Saúde do município do Rio de Janeiro ficou evidente nas adaptações das fichas de notificação para atender às demandas epidemiológicas, como ocorreu durante a pandemia de COVID-19. A análise retrospectiva das fichas de notificação demonstrou que o sistema respondeu de forma eficiente às novas demandas epidemiológicas e laboratoriais, refletindo sua agilidade e capacidade de adaptação.
“A qualidade das informações depende da precisão dos registros e da consistência no armazenamento das análises. Dados confiáveis são um dos pilares fundamentais da vigilância epidemiológica, pois é por meio deles que tomamos decisões para a ação”, destacou Karoline, que atua na Vigilância Sentinela da Síndrome Gripal, coordenando informações estratégicas de 10 unidades sentinelas.
Como recomendações ao DataSUS e à Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, o estudo destacou a a necessidade de priorizar a expansão das unidades sentinelas para atender à portaria de 2011, que objetiva 12 pontos, e ampliar a representatividade do sistema. Além disso, também sugeriu a realização de capacitações regulares para os pontos focais da vigilância sentinela em cada unidade federativa, bem como a oferta de suporte técnico para garantir atualizações ágeis das ferramentas e sistemas de vigilância.
No âmbito municipal, o trabalho recomendou a realização de análises periódicas dos registros para assegurar a qualidade das informações e a implementação de treinamentos frequentes para os profissionais das unidades sentinelas sobre o correto preenchimento das fichas.
A pesquisa, realizada por Karoline, seguiu as diretrizes do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), descritas no documento Diretrizes atualizadas para avaliação de sistemas de vigilância em saúde pública: recomendações do grupo de trabalho sobre diretrizes. Foi apresentada como trabalho de conclusão do Mestrado Profissional do Programa de Políticas Públicas em Saúde da Fiocruz Brasília, que integra o consórcio para oferta do Programa VigiLabSaúde-Fiocruz. A aluna recebeu orientação do professor José Francisco Nogueira Paranaguá de Santana, da Fiocruz Brasília e teve como co-orientador André Luiz de Abreu, da mesma instituição.
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