Análise da aplicação dos Testes de Diagnóstico Rápido de Malária no município de Oiapoque, Amapá, entre os anos de 2015 a 2020

Com um imenso impacto na saúde global, o diagnóstico da malária ainda é um desafio para a maioria dos países onde há incidência da doença. Os Testes de Diagnóstico Rápido (TDRs) de malária, por sua praticidade e facilidade de realização, são extremamente úteis para a confirmação diagnóstica, principalmente em regiões de fronteira internacional. O objetivo deste estudo foi analisar a aplicação dos TDRs de malária no município de Oiapoque, Amapá, entre os anos de 2015 a 2020. A pesquisa compreendeu um estudo descritivo, retrospectivo, com abordagem quali-quantitativa. Foram utilizados dados secundários do Sistema de Vigilância Epidemiológica (SIVEP-Malária) e realizados questionários semiestruturados com informantes-chave. Realizou-se uma análise temática e as categorias analíticas identificadas foram incluídas numa matriz DOFA (Debilidades, Oportunidades, Fortalezas e Ameaças). A configuração da malária se modificou ao longo dos anos do estudo. Os anos de 2017 e 2018 apresentaram maior concentração de casos notificados e autóctones, seguido de uma tendência de redução nos anos posteriores, culminando com o menor número de casos positivos no ano de 2020. Os casos importados da Guiana Francesa, diminuíram consideravelmente, em comparação a outros estudos. O perfil epidemiológico dos pacientes revelou que a malária acometeu, em maior frequência, pessoas do sexo masculino, nas faixas etárias produtivas (de 20 a 29 anos e de 30 a 39 anos), indígenas, com ocupação funcional na agricultura e o Plasmodium vivax como a espécie parasitária predominante. A IPA do município variou entre médio e alto risco de ocorrência anual Verificou-se uma baixa morbidade e zero mortalidade pela doença. A rede de diagnóstico contou com 25 (vinte e cinco) unidades de saúde que realizaram exames de malária (gota espessa e TDRs), distribuídas nas áreas rural, urbana e indígena. Os entraves e desafios na utilização dos TDRs na perspectiva dos informantes-chave foram: a manutenção do acondicionamento correto e do controle real da utilização; a exposição dos testes rápidos a altas temperaturas e a falta de solução tampão, em alguns kits de testes rápidos de um laboratório específico. Como contribuições dos TDRs os atores locais retrataram: a praticidade, facilidade no manuseio; a rapidez e a ampliação do diagnóstico da malária, principalmente em localidades de difícil acesso e sem estrutura laboratorial. É essencial que os setores responsáveis pela vigilância da malária no município trabalhem articulados entre si, com os órgãos de saúde da Guiana Francesa e com outros atores sociais, buscando fortalecer as ações de controle/eliminação da doença no município.