Análise espacial da malária na região transfronteiriça franco-brasileira (Oiapoque/AP – Guiana Francesa) no período de 2016 a 2021
O objetivo desta dissertação foi analisar o padrão espacial e temporal da malária na região transfronteiriça franco-brasileira no período de 2016 a 2021, bem como analisar a completitude de dados secundários (individuais e agregados), provenientes dos Sistemas de Informação de Saúde de malária do Brasil e da Guiana Francesa, e de ferramentas de Sistema de Informação Geográfica utilizados para georreferenciamento e espacialização da doença. Os resultados obtidos permitiram identificar que o Plasmodium vivax foi a espécie parasitária predominante, concentrando 95,45% (4.926) dos casos autóctones da malária em Oiapoque/AP, município de médio risco epidemiológico (30,89 casos/mil habitantes), enquanto na Guiana Francesa, tendo em vista o tipo de Teste de Diagnóstico Rápido utilizado e a epidemiologia local da doença, inferiu-se que o Plasmodium vivax representam a maioria dos 423 (91,96%) casos de Não-falciparum. A autoctonia da doença revelou que as populações indígenas existentes no período do estudo estavam mais expostas à infecção da doença, dadas as vulnerabilidades encontradas, pois corresponderam a 76,98% (3.973) dos casos entre 2016 e 2021, bem como foram identificados desafios para a saúde pública na busca de mitigar entraves de acesso, em tempo oportuno, à rede de atenção à saúde para tratamento e diagnóstico da malária para os grupos populacionais existentes no município No que se refere ao outro lado da fronteira, para as comunas de Camopi e Saint-Georges, não foi possível traçar um perfil epidemiológico minucioso semelhante ao de Oiapoque, devido às limitações dos dados, práticas de trabalho de notificação dos casos e utilização de ferramentas de diagnóstico mais precisas. Tratando-se de uma região de fronteira endêmica para malária, onde pratica-se comumente a travessia e exploração de minérios, ambos de forma ilegal, foi evidenciado que a dinâmica de transmissão da doença é, na maioria, decorrentes das atividades de garimpagem, extrapolando a faixa de fronteira ao exportar casos de malária em 190 municípios brasileiros. Portanto, a análise de transmissão da malária na fronteira franco-brasileira revela os desafios para a eliminação da malária frente ao desafio que é, primeiramente, controlar a malária ao buscar soluções estratégicas dentro do contexto, não somente de transmissão da doença, mas da realidade social, cultural e econômica de acordo com o modo de vida população do território.
