Produção Acadêmica

Análise espaço-temporal das ondas epidêmicas da covid-19 na tríplice fronteira entre o Brasil, Paraguai e Argentina

Autor(a)
Larissa Djanilda Parra da Luz
Orientador(a)
Elvira Maria Godinho de Seixas Maciel
Tipo
Tese
Programa consorciado
Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública e Meio Ambiente (PPGSPMA)
Categoria do curso
Doutorado Profissional
Ano da Defesa
Descrição

A pandemia de covid-19, causada pelo vírus SARS-CoV-2, provocou impactos sanitários globais desde sua emergência em 2019, com consequências heterogêneas entre países e regiões. Em áreas de fronteira internacional, como a tríplice fronteira entre Brasil, Paraguai e Argentina, tais desigualdades tornaram-se ainda mais evidentes devido à alta mobilidade populacional, à diversidade nos sistemas de saúde e à limitada articulação regional para o enfrentamento coordenado da pandemia. Dessa forma, este estudo teve como objetivo detectar e analisar as ondas epidêmicas de covid-19 em 44 municípios pertencentes às regiões de saúde da tríplice fronteira entre a Argentina, Brasil e Paraguai e identificar agrupamentos espaciais (clusters) de incidência entre 2020 e 2023. Foi realizado um estudo ecológico misto com dados secundários dos casos confirmados da covid-19 por critério laboratorial em 9 municípios da 9ª Região de Saúde do Paraná (Brasil), 22 municípios do Departamento do Alto Paraná (Paraguai) e 13 municípios da Província de Misiones – departamentos de Eldorado, Iguazú, San Pedro e General Manuel Belgrano (Argentina). As ondas epidêmicas foram identificadas por meio da biblioteca EpidemicKabu e as análises espaciais utilizaram os índices I de Moran Global e LISA (Local Indicators of Spatial Association). Adicionalmente, foi aplicada a função de autocorrelação cruzada para verificar a sincronia temporal das ondas epidêmicas entre os países. Foram identificadas cinco ondas epidêmicas no Brasil e no Paraguai, e duas na Argentina A análise da correlação cruzada mostrou forte associação temporal entre os países, com coeficiente de correlação de 0,81 entre Brasil e Paraguai (com defasagem de -1 semana), 0,93 entre Brasil e Argentina (sem defasagem), e 0,81 entre Paraguai e Argentina (sem defasagem), evidenciando sincronia epidêmica regional, ainda que com leve defasagem entre alguns territórios. As análises revelaram heterogeneidade na distribuição da incidência de casos entre os municípios da tríplice fronteira com clusters estatisticamente significativos em todas as cinco ondas epidêmicas (p-valor < 0,0001), indicando concentração persistente de alta incidência, principalmente na 9ª Região de Saúde, Paraná (Brasil). Os achados destacaram que a heterogeneidade entre a distribuição da taxa de incidência da covid-19 na região de estudo pode ter sido influenciada por fatores como as distintas estratégias de mitigação adotadas, na capacidade dos sistemas de saúde e na dificuldade de integração entre as vigilâncias em saúde da região da tríplice fronteira.