Equipe do CDC ministra disciplina para alunos do Programa VigiFronteiras-Brasil
Profissionais do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) - Centers for Disease Control and Prevention – agência do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, estão participando ativamente da formação dos alunos do Programa Educacional em Vigilância em Saúde nas Fronteiras (VigiFronteiras-Brasil), da Fundação Oswaldo Cruz. Integrantes da Equipe de Saúde Global nas Fronteiras da instituição americana ministraram, até ontem (24), de forma remota, a disciplina “Planning for Public Health Emergencies at Entry Points”.
A aproximação entre o CDC e a Fiocruz para concretizar essa parceria foi feita pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), que apoia a formação junto com a Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde. O desenvolvimento da ementa e dos conteúdos que estão sendo ofertados foram discutidos e elaborados em encontros remotos realizados entre as equipes das instituições. Nesses momentos, a equipe do CDC apresentou as metodologias desenvolvidas para gerenciamento e planejamento de risco e respostas a emergências em saúde pública. “A relação com a Equipe de Saúde Global nas Fronteiras do CDC tem sido colaborativa e muito próspera. Quando tratamos de fronteiras em saúde, em especial, as internacionais, temos que ter parceiros que pensem em estratégias globais de saúde e prevenção de doenças capazes de atingir vários países”, comentou Andréa Sobral, coordenadora Acadêmica do Programa.
Os treinamentos ministrados pela equipe do CDC se concentraram em formas de fortalecer a capacidade dos alunos para detectar e responder ameaças à saúde pública em populações móveis. Os seus públicos típicos são epidemiologistas, oficiais de vigilância, oficiais de Saúde Portuária (ou equivalente) e parceiros de pontos de entrada, como imigrações, alfândega, segurança e companhias aéreas ou empresas de transporte.
A expectativa com essa disciplina era aproximar os alunos das abordagens sobre saúde nas fronteiras que visem o controle e a mitigação da propagação internacional de doenças/agravos em saúde, uma vez que, a emergência em saúde pública caracteriza-se como uma situação que requer medidas de prevenção, controle, contenção de riscos e de agravos à saúde pública, como surtos e epidemias. “Foi um exercício de aprender, intercambiar as expertises e experiências dos países, uma vez que temos alunos de sete países sul-americanos, incluindo o Brasil. Nesse sentido, todo arcabouço metodológico desenvolvido pelo CDC proporcionará aos alunos do VigiFronteiras-Brasil a possibilidade de pensar/elaborar coletivamente o desenho de um plano de resposta à emergências em saúde pública com base no conteúdo e ferramentas oportunizadas pela equipe do CDC durante a execução da disciplina”, explicou Andréa.
Durante a disciplina, que contou com aulas síncronas e assíncronas e cerca de 37 horas de carga horária, os alunos foram apresentados a conceitos básicos, estratégias e abordagens de saúde nas fronteiras que ajudem a controlar e mitigar a propagação internacional de doenças, tais como a avaliação de risco de viajantes doentes e o planejamento de surtos ou emergências de saúde pública contínuas em pontos de entrada. No conteúdo programático estiveram presentes, ainda, temas como Regulamento Sanitário Internacional, equipamentos de proteção individual, avaliação de risco de viajantes doentes e planejamento para emergências de longo prazo. Experiências do CDC no apoio ao planejamento de resposta às emergências de saúde pública em planos de respostas a emergências em saúde pública também serão temas dos encontros.
Segundo Dana Schneider, integrante do Global Border Health Team do CDC e uma das professoras da disciplina, o intuito foi fazer os alunos entenderem quais são os componentes fundamentais da saúde nas fronteiras, que se concentram em três grandes áreas: detecção e resposta a viajantes doentes em pontos de entrada e outras áreas fronteiriças; compreender os padrões de movimento populacional e a força da conectividade entre comunidades geograficamente separadas para identificar áreas e populações onde uma doença transmissível pode se espalhar através do movimento para que essas áreas possam ser priorizadas para intervenções em saúde pública; e a importância da colaboração e do compartilhamento de informações para fins de saúde pública entre países vizinhos ou entre países da mesma região. “Os especialistas do CDC compartilharam as experiências de apoio a países ao redor do mundo no desenvolvimento de seus próprios programas de saúde na fronteira. Trabalhamos com os estudantes para entender a atual situação da saúde nas fronteiras de seus próprios países e conduzi-los em um estudo de caso baseado em um surto do mundo real onde a saúde das fronteiras era uma preocupação central”, explicou Dana.
“Esperamos oferecer aos alunos do Programa VigiLabSaúde/Fiocruz momentos com os que vêm ocorrendo com os alunos do Programa VigiFronteiras-Brasil”, complementou Andréa Sobral.
O CDC é uma agência pública de saúde que está responsável por ações de pesquisa, monitoramento, prevenção e combate às doenças infecciosas e não-transmissíveis nos Estados Unidos. Referência internacional, atua em várias missões de combate a epidemias e doenças em todo o mundo, como o surto de ebola no oeste da África, em 2014; o surto de zika vírus no Brasil, em 2016; e, desde dezembro de 2019, da pandemia da Covid-19. Junto com outros organismos internacionais (por exemplo, a Organização Mundial da Saúde), reconheceram a crescente importância de garantir a segurança na saúde nas fronteiras e trabalharam (muitas vezes juntos) para desenvolver estratégias, orientações e ferramentas para ajudar os países a enfrentar os riscos à saúde pública associados ao movimento da população humana.
O Programa VigiFronteiras-Brasil, iniciativa da Fiocruz em parceria com a Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério das Saúde e com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), tem como objetivo formar mestres e doutores para contribuir com o fortalecimento das ações e serviços de vigilância em saúde nas regiões da faixa de fronteira do Brasil e nos países vizinhos (Argentina, Bolívia, Colômbia, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela, e uma Região Ultramarina da França, a Guiana Francesa). A formação vem sendo realizada por meio de um consórcio entre os Programas de Pós-Graduação em Epidemiologia em Saúde Pública, Saúde Pública e Meio Ambiente e Saúde Pública da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz) e o Programa de Pós-Graduação em Condições de Vida e Situações de Saúde na Amazônia (ILMD/Fiocruz Amazonas), além de docentes da Fiocruz Mato Grosso do Sul.