Sistemas de vigilância em saúde são temas de mesa da G-Stic
Entre as plenárias da 6ª Conferência Global de Ciência, Tecnologia e Inovação (G-Stic 2023), a sessão especial Desafios na construção de sistemas de monitoramento e vigilância em saúde reuniu especialistas em gestão estratégica de dados e informações sanitárias. O objetivo foi a troca de experiências em busca de sistemas mais eficazes de vigilância sanitária.
Moderada por Manoel Barral, pesquisador sênior do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para a Saúde (Cidcas/Fiocruz Bahia), a mesa foi composta por Oliver Morgan, diretor do Departamento de Informação de Emergência em Saúde e Avaliação de Risco da Organização Mundial da Saúde (OMS); Ana Bento, diretora científica do Pandemic Prevention Institute da Rockefeller Foundation; Ethel Maciel, secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde (MS); Juliette Morgan, diretora do Escritório Nacional da América do Sul do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos; e John Haynes, gerente de programas da Nasa para Aplicações em Saúde e Qualidade do Ar.
Barral destacou que a estrutura, escala e expertise em tratamento de dados desenvolvida no Brasil pelo Cidacs/Fiocruz Bahia já é hoje uma referência de nível global. “O que temos discutido mais intensamente aqui é o nível de cooperação e de troca de conhecimento entre instituições de referência. De um modo geral, os desafios se assemelham no que se refere ao tratamento dos dados, mas países continentais como o Brasil produzem volumes extraordinariamente ricos. O que se discute no âmbito do Cidacs, e aqui mesmo nesse painel do G-Stic, é o desafio de aprimorar técnicas de linkage de dados, que são mais complexos quanto maior a escala dos dados tratados. Mas é muito positivo que as instituições estejam demandando cada vez mais, em especial com dados de saúde e clima. Por isso o nosso painel é tão valioso”, explica o pesquisador.
Mais do que evidenciar a emergente necessidade de aprimorar os sistemas atuais, em especial depois da pandemia de Covid-19, o painel também expôs as similaridades no mundo todo, onde a maioria dos sistemas de vigilância opera apenas local ou nacionalmente. "No Brasil, os dados de Atenção Primária, assim como os de clima e tempo, e das unidades de pronto-atendimento e urgências ainda não são usados em sua plenitude em função da dificuldade de integração das bases de informação. A integração dessas bases poderá agregar importante potencial para responder melhor aos anseios da sociedade e à tomada de decisão do gestor público", sinaliza Ethel Maciel, do MS.
Representante da OMS, Oliver Morgan acredita que sistemas de vigilância mais integrados e multidisciplinares, com maior compartilhamento entre países e redes globais de inteligência, serão cada vez mais necessários para que a humanidade tenha melhores condições de responder a novos surtos. "Temos nos empenhado em organizar comunidades que possam trocar experiências práticas com o objetivo de estimular a colaboração pois a colaboração é a chave para aumentar a especialização e o conhecimento. Esse é o primeiro passo para que possamos desenvolver parcerias, compreender os desafios de cada unidade, formar multiplicadores e definir uma agenda comum", afirma Morgan.
Diretora no CDC dos Estados Unidos, Juliette Morgan também encontra similaridades nos esforços empenhados por todos os painelistas no intuito de aperfeiçoar processos. ,"No CDC também estamos focados em maximizar o uso de insights de dados para tomar melhores decisões, a fim de detectar novas doenças, sua reincidência e monitoramento. Temos em comum o desafio de aperfeiçoar a interlocução entre as diferentes instâncias de governança visando aprimorar processos", reconhece.
Os participantes foram unânimes em reconhecer que o aperfeiçoamento dos sistemas de vigilância passa por estabelecer orientação técnica cada vez mais eficiente, treinamento contínuo entre os países, assim como padronizar e interpretar a coleta de dados de diferentes fontes.
Fonte: Agência Fiocruz de Notícias