imagem do anopheles mosquito vetor da malária

Mapeamento mostra avanços e desafios do combate à malária na fronteira franco-brasileira

O pesquisador Igor Fernando dos Anjos Barros mapeou, compilou e cruzou dados de diferentes órgãos governamentais e científicos para criar um panorama do combate à malária na fronteira do Brasil com a Guiana Francesa. O estudo, intitulado "Análise espacial da malária na região transfronteiriça franco-brasileira (Oiapoque/AP - Guiana Francesa) no período de 2016 a 2021", foi apresentado no dia 31 de outubro como trabalho de conclusão do mestrado do Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública da ENSP/Fiocruz pelo Programa VigiFronteiras-Brasil/Fiocruz. A pesquisa mostrou que os avanços são significativos, mas que ainda restam desafios relevantes a serem superados. Em especial, o mapeamento aponta a necessidade de pensar ações de vigilância em saúde que estejam em sintonia com as características específicas da região e das populações locais. 

O estudo analisou a doença e as iniciativas de combate e prevenção no município fronteiriço de Oiapoque (AP) e as comunidades vizinhas de Camopi e Saint-George Ouanary, na Guiana Francesa. O principal achado positivo foi a grande redução dos casos no período estudado em comparação com os registros de 2003 a 2015. Essa boa notícia é atribuída, segundo a pesquisa, à disponibilização de Testes de Diagnósticos Rápido (TDR) para malária, campanhas para informar a população sobre prevenção e tratamento, e a distribuição de mosquiteiros em áreas de maior vulnerabilidade à doença.

Já os desafios encontrados indicam a importância de reforçar ações de controle parasitário adaptadas às condições de vida das comunidades. O pesquisador cita, por exemplo, as obras inacabadas na BR-156, que cruza a região. O problema se estende para questões de saúde porque cria condições para multiplicação do mosquito e expõe às pessoas a um maior risco de contaminação. 

Para aplacar as dificuldades, o estudo cita medidas como revisão dos processos de trabalho, mais investimento em prevenção e tratamento, e implementação de políticas de vigilância em saúde que considerem os resultados da dinâmica populacional da região, considerando as características locais, regionais, nacionais e internacionais da área de fronteira.

A fronteira franco-brasileira é um foco de atenção sobre a malária pelo alto risco de contaminação e transmissão, além do número elevado de casos. Entre 2016 e 2021, período analisado pelo estudo, foram 8.688 contaminados no Brasil e 824, na Guiana Francesa. As atividades de garimpo, o difícil acesso e o grande fluxo de pessoas contribui para a vulnerabilidade da população. Entre as instituições cujos dados foram analisados e cruzados para a pesquisa estão o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o DataSUS, o Sistema de Informação para Vigilância Epidemiológica para Malária (Sivep-Malária) e a Santé Publique France, a agência de saúde pública da França.

Igor Barros foi orientado pela Profª. Dra. Mônica de Avelar Figueiredo Mafra Magalhães, do ICICT/Fiocruz. A banca examinadora foi composta pela Prof.ª Dra. Martha Cecilia Suárez Mutis e pelo Prof. Dr. Paulo Cesar Peiter, ambos do IOC/Fiocruz.