Estudo revela vulnerabilidade em Cidades Gêmeas nas fronteiras do Brasil em relação ao saneamento e higiene em unidades de saúde

Nas áreas de fronteira do Brasil, as chamadas Cidades Gêmeas – municípios que compartilham limites territoriais com cidades de países vizinhos – enfrentam desafios únicos, especialmente no que se refere à saúde pública. Nessas regiões, caracterizadas por intensas interações binacionais e conexões geográficas, econômicas e socioculturais, revelam-se espaços de vulnerabilidade, potencializando a propagação de doenças e impactando diretamente os sistemas de saúde locais.

Foi nesse contexto que Mariely Helena Barbosa Daniel, ex-aluna do Programa VigiFronteiras-Brasil/Fiocruz, desenvolveu sua dissertação de mestrado. Os resultados apontaram que as Cidades Gêmeas estudadas apresentam níveis elevados de vulnerabilidade em comparação com outros municípios do país.

O diagnóstico foi realizado em cinco Unidades Básicas de Saúde (UBS) situadas nas Cidades Gêmeas dos Arcos Sul, Central e Norte das fronteiras brasileiras. Embora todas as UBS analisadas tenham serviços básicos de abastecimento de água e práticas de higiene, os serviços de esgotamento sanitário, gerenciamento de resíduos e limpeza ambiental ainda demandam melhorias significativas. A realidade encontrada ressalta a necessidade de intervenções específicas, que levem em consideração as particularidades locais, para melhorar as condições de saneamento e higiene, e, consequentemente, a qualidade da assistência à saúde.

A pesquisa incluiu a aplicação de instrumentos de coleta de dados e a análise documental das informações sanitárias, socioeconômicas e epidemiológicas desses municípios. A metodologia utilizada por Mariely permitiu não apenas a padronização da coleta e análise de dados, mas também a comparação entre diferentes territórios, possibilitando uma avaliação mais precisa das condições de saneamento e práticas de higiene em estabelecimentos de saúde em escala global, conforme as metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030.

A dissertação de Mariely contribui para o entendimento das fragilidades das Cidades Gêmeas brasileiras e para a formulação de políticas públicas mais adequadas às necessidades desses territórios, promovendo, assim, a segurança do paciente e das equipes de saúde que atuam nessas regiões de fronteira.

O trabalho foi apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública e Meio Ambiente, da ENSP/Fiocruz, que integra o consórcio para oferta do Programa VigiFronteiras-Brasil/Fiocruz. A orientação foi realizada pelo prof. dr. Paulo Rubens Guimarães Barrocas, com coorientação do professor dr. Teófilo Carlos do Nascimento Monteiro.