alunos em sala de aula

Alunos do Programa VigiFronteiras-Brasil participam de simulação de situação de emergência em região da tríplice fronteira com a Colômbia e o Peru

As populações que habitam a região da Amazônia brasileira e dos países vizinhos ainda sofrem com a alta incidência da malária. O Plano Nacional de Eliminação da doença (PNEM), lançado em 2022 pelo Ministério da Saúde, pretende acabar com a enfermidade no país até 2035. Entre as estratégias preconizadas pelo PNEM estão a formação de recursos humanos e o fortalecimento da vigilância da doença. Foi devido a este cenário que a malária foi escolhida como tema principal da disciplina “Simulação de Saúde na fronteira”, ministrada no formato de workshop para os alunos do doutorado do Programa VigiFronteiras-Brasil/Fiocruz. As aulas, realizadas de 9 a 13 de setembro na Fiocruz Amazônia, contaram com a participação presencial de alunos, professores e convidados, graças a uma parceria entre a Fiocruz, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos e Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).

A programação incluiu palestras, estudos de caso e análises de cenários que permitiram aos participantes traçarem o perfil epidemiológico da malária e propor estratégias de intervenção. O diferencial da disciplina foi poder contar com a participação de profissionais e especialistas como os consultores técnicos da Coordenação de Eliminação da Malária da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, Gilberto Moresco e Márcia Regina Andrade; da diretora do time de Saúde Global em Fronteiras do CDC/Atlanta, Dana Schneider; da assessora técnica sênior do Escritório Regional do CDC América do Sul (SAM), Ana Carla Pecego, além da especialista em  saúde pública e em mobilidade populacional, Evelyn Roldan, do CDC Guatemala, e da cientista em saúde pública Sadie Ward, CDC/Atlanta.

Colaboraram, ainda, Fernanda Freistadt, diretora regional de Programa para a América do Sul da Universidade de Washington e uma das coordenadoras do Projeto Insight, que tem a Fiocruz Amazônia como parceira; Cristiam Angeles e Cinthya Rojas, da Gerência Regional de Saúde de Loreto (Peru), Javier Reales e Prisilla Jordan, do Instituto Nacional de Saúde (INS) da Colômbia, Elder Figueira, diretor de Vigilância Ambiental e Controle de Doenças, e Myrna Barata Machado, coordenadora do Programa de Malária do Amazonas, ambos da  Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas. Também participaram da disciplina os professores e pesquisadores Reinaldo Souza-Santos (PPGEPI/ENSP/Fiocruz), André Périssé (PPGSPMA/ENSP/Fiocruz), Zoraida Fernandez (Fiocruz Mato Grosso do Sul) e José Joaquim Carvajal (Fiocruz Amazônia), além de Andréa Sobral (PPGSPMA/ENSP/Fiocruz), coordenadora acadêmica do Programa VigiFronteiras-Brasil, e Eduarda Cesse (CGE-VPEIC/Fiocruz), coordenadora geral do Programa.

A interação em grupo estimulou a aplicação prática dos conceitos discutidos durante as sessões. A disciplina destacou que as regiões fronteiriças são pontos críticos para a propagação da malária, tema central devido aos desafios únicos que a doença enfrenta nas áreas de fronteira, reforçando a necessidade de uma cooperação mais eficaz entre Brasil, Peru e Colômbia. A alta mobilidade populacional, as condições socioeconômicas adversas e o acesso limitado aos serviços de saúde tornam a resposta rápida e coordenada fundamental para controlar e, no futuro, erradicar a doença.

A disciplina proporcionou um ambiente de colaboração onde profissionais de saúde convidados puderam compartilhar suas experiências e melhores práticas com os alunos, promovendo um diálogo enriquecedor. “Ao término da semana de atividades, os participantes saíram com um conhecimento mais aprofundado dos desafios enfrentados nas regiões de fronteira, além de habilidades aperfeiçoadas para implementar estratégias eficazes de controle da malária e de outras emergências de saúde pública nesses contextos complexos”, comentou Andréa Sobral, coordenadora acadêmica do Programa VigiFronteiras-Brasil/Fiocruz.

Ainda durante a disciplina foi elaborada e divulgada para os alunos, professores e convidados uma carta de relato de experiência. O documento destacou a importância da colaboração entre os países da tríplice fronteira, incluídos na simulação, para o enfrentamento dos desafios da malária, além de propor desdobramentos, como a criação de novas oficinas e cursos autoinstrucionais, a publicação de um artigo científico sobre a experiência e a inclusão da oficina na grade oficial do Programa VigiFronteiras-Brasil. O próximo encontro dos alunos acontece na Fiocruz Rio de Janeiro, durante a disciplina Seminários Avançados de Tese 3.