Controle de qualidade do sal no RN: estudo aponta desafios na iodação e impacto na Saúde Pública

O sal, amplamente consumido como tempero e conservante, também é o principal veículo de iodo para a população brasileira, graças à sua estabilidade química e consumo universal. Por isso, sua qualidade precisa ser monitorada sistematicamente pelos órgãos competentes. Porém, o "Estudo da Composição Físico-Química do Sal para Consumo Humano Produzido no Rio Grande do Norte", trouxe à tona questões relevantes sobre a qualidade do sal de cozinha produzido no estado, maior produtor de sal do Brasil, responsável por aproximadamente 95% da produção nacional.

O estudo mostrou que o sal produzido no Rio Grande do Norte apresenta desafios em sua composição. Dados fornecidos pelo Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen-RN), a partir de monitoramentos realizados pelo programa Pró-Iodo, indicaram que 25,3% das amostras analisadas foram consideradas insatisfatórias. O trabalho focou na análise de variáveis críticas para a saúde, como teor de iodo, granulometria e umidade, coletadas entre 2017 e 2022, e foi apresentado como dissertação de mestrado profissional no Programa VigiLabSaúde-Fiocruz por Aline Felipe da Fonseca.

Dentre as amostras com falhas, os principais problemas identificados foram: 33,1% apresentaram teor de iodo fora dos padrões, 73,52% tiveram problemas com umidade, e 9,41% estavam inadequadas em termos de granulometria. O teor de iodo, em especial, mostrou um percentual considerável de amostras abaixo do limite mínimo estabelecido pela legislação (15mg/kg), o que pode comprometer as políticas públicas de combate aos Distúrbios por Deficiência de Iodo (DDI).

Segundo o estudo, o aumento no número de amostras insatisfatórias ao longo dos anos reforça a necessidade de aprimoramento nos processos de produção e controle de qualidade do sal no estado, especialmente no que se refere à iodação e à umidade do produto. Esse panorama, segundo Aline da Fonseca, revela apenas uma fração da complexa realidade da produção de sal para consumo humano no RN, apontando para a necessidade de estudos adicionais que possam acompanhar e expandir o monitoramento para os dias atuais.

O estudo foi concluído com a elaboração de um relatório técnico detalhado, destinado a subsidiar atualizações no controle de qualidade e regulamentação da iodação do sal no Brasil. Esse documento foi encaminhado a órgãos como a Anvisa e o Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS/Fiocruz), contando com a colaboração da Vigilância Sanitária Estadual, Lacen-RN, produtores e o comércio local.

A pesquisa foi realizada com a orientação da dra. Aline do Monte Gurgel e co-orientação da Dra. Michele Feitoza Silva, ambas do Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública do Instituto Aggeu Magalhães (IAM), Fiocruz Pernambuco, que integra o consórcio para oferta do VigiLabSaúde-Fiocruz. A banca examinadora da defesa contou com a participação das pesquisadoras Dra. Jailma Almeida de Lima, do Lacen-RN, e Dra. Sydia Rosana de Araújo Oliveira, do IAM/Fiocruz Pernambuco.0020

A dissertação traz uma contribuição essencial para a vigilância e o controle de qualidade de um produto fundamental na dieta dos brasileiros e na promoção da saúde pública, evidenciando os desafios e avanços necessários para a efetividade das políticas de prevenção de DDI no país.