Meningite em Sergipe: estudo aponta perfil epidemiológico e áreas de risco para ações de prevenção
A meningite ainda é considerada um grande desafio para a saúde pública no Brasil devido à sua alta letalidade e potencial para surtos, especialmente em regiões com menos recursos para vigilância e resposta rápida. Em estados como Sergipe, onde o acesso aos serviços de saúde pode ser mais limitado em áreas remotas, a detecção e o controle eficaz da doença são ainda mais desafiadores. A meningite atinge sobretudo faixas etárias específicas e apresenta sintomas como febre, cefaleia e rigidez na nuca, mas seu impacto pode ser devastador quando não tratada prontamente, levando a sequelas graves ou até a óbito.
Para analisar a incidência e a distribuição dos casos de meningite em Sergipe e subsidiar estratégias de prevenção e controle, Aline Marinho apresentou, no mestrado profissional do Programa de Saúde Pública do Instituto Aggeu Magalhães (IAM/Fiocruz Pernambuco), integrante do consórcio para oferta do Programa VigiLabSaúde, a dissertação intitulada “Aspectos epidemiológicos e temporo-espacial dos casos notificados de meningite em Sergipe, 2012 - 2022". A pesquisa traz um levantamento detalhado dos 402 casos notificados de meningite no estado entre 2012 e 2022, analisando aspectos clínicos, sociodemográficos e padrões temporais e espaciais da doença.
Segundo o estudo, 59% dos casos ocorreram em indivíduos do sexo masculino, com maior incidência nas faixas etárias de 20 a 29 anos e 5 a 9 anos. A maioria dos pacientes era de cor parda (68,9%), e os sintomas mais frequentes incluíam febre, cefaleia e vômitos. No recorte temporal, foi observada uma queda na incidência da doença entre 2012 e 2016, seguida de um período de estabilização até 2022. A mortalidade também se manteve estável, com uma taxa de letalidade média de 27%.
A pesquisa também mapeou clusters de alta incidência em determinadas regiões, indicando áreas prioritárias para vigilância e ações de prevenção, enquanto a faixa etária mostrou-se fator determinante para a sobrevivência dos pacientes, com menores taxas de óbito entre os mais jovens. Esses achados reforçam a necessidade de políticas públicas mais direcionadas, principalmente para proteger os grupos mais vulneráveis.
O trabalho contou com a orientação do Dr. Eduardo Caetano Brandão Ferreira da Silva, do IAM/Fiocruz Pernambuco, e coorientação do Dr. Cliomar Alves dos Santos. A banca examinadora contou com a participação do Prof. Dr. Abraham Rocha e da Prof. Dra. Paula Oliveira, ambos da Fiocruz Pernambuco. O estudo de Aline Marinho representa uma contribuição significativa para o entendimento da meningite em Sergipe e serve como base para aprimorar as respostas das autoridades de saúde frente a essa condição grave e potencialmente letal.