foto do pesquisador julio croda

Territórios das áreas brasileiras de fronteira precisam de ações integradas e colaboração para avançar em agravos comuns e emergências em saúde

Os profissionais que atuam na assistência ou na gestão de saúde nas regiões da faixa de fronteira do Brasil e nos países sul-americanos vizinhos precisam entender a dinâmica dos territórios onde atuam para poder planejar, operacionalizar e monitorar as ações de saúde relacionadas ao processo saúde-doença nessas regiões. Esse foi um dos recados que o infectologista, pesquisador da Fiocruz Mato Grosso do Sul e professor da UFMS Julio Croda deu na primeira aula ministrada para os 75 alunos do Programa VigiFronteiras-Brasil. Na fala sobre “Vigilância em Saúde nas fronteiras: os desafios na formação de profissionais e seus impactos na gestão”, ele levantou uma série de ações práticas que precisam ser realizadas para prover informações para tomada de decisão e avanço na vigilância em saúde na região.

Segundo Croda, um sistema articulado e integrado que envolve os serviços de saúde e instituições intersetoriais com atividades de coleta, análise e divulgação de dados locais, vai prover os profissionais de dados sobre a realidade do território. Assim podem propor medidas efetivas para resolver os principais problemas de saúde da população partindo de informações minimamente comuns, já que os dados gerados pelos registros dos sistemas de saúde dos países são totalmente diferentes. “É necessário integrar a vigilância em saúde ao processo de trabalho das equipes de atenção primária em saúde no território. Essa ação é forte aliada na melhoria da eficiência, efetividade e qualidade das ações em saúde”, comentou.

 

foto Julio Croda
Professor Julio Croda foi um dos idealizadores do VigiFronteiras-Brasil e citou a sua importância para capacitar os profissionais preparando-os para responder aos problemas que a região de fronteiras apresenta
 

Ele citou a carência de formação de profissionais, em nível de pós-graduação, nas fronteiras, tanto do lado brasileiro quanto dos demais países. Nesse cenário, ele ressaltou a importância do Programa VigiFronteiras-Brasil para capacitar os profissionais que foram selecionados para os cursos de mestrado e doutorado e poderão colaborar na proposição futura de medidas efetivas para responder os problemas que a região de fronteira apresenta.

No arco norte e no arco central o problema de formação ainda é mais crítico pela distância dos grandes centros e coincide com a queda no nível de renda nesses territórios, com a ausência de unidades de saúde públicas ou privadas e também baixa cobertura vacinal. O pesquisador da Fiocruz Mato Grosso do Sul apresentou, ainda, o resultado de um estudo pela ENSP/Fiocruz em 2005 que mostra o perfil do acesso e demandas de estrangeiros e residentes ao SUS nas cidades de fronteira com países do Mercosul na perspectiva dos secretários municipais de saúde.

Julio Croda ressaltou, ainda, em sua palestra, que o impacto da Covid-19 é ainda mais preocupante e gritante nas fronteiras e as ações de vigilância e atenção precisarão se adaptar a essa nova realidade, com desemprego, crescimento da segurança alimentar, impacto do período de isolamento e das condições socioeconômicas na saúde mental, transporte, prejuízos para educação infantil, entre outras.

O download da apresentação realizada pelo professor Julio Croda pode ser feito clicando aqui. Caso queira assistir a aula completa, acesse o perfil da VideoSaúde Distribuidora da Fiocruz no YouTube: https://youtu.be/rhbXn3IVGO4.