Placa de metal com uma cruz médica e um coração

Minorias sexuais e de gênero vivendo com HIV demonstram bom conhecimento sobre transmissão e prevenção da doença em levantamento online

Em uma pesquisa com mais de 20 mil entrevistados, o pesquisador Kayser Rogério Oliveira da Silva descobriu que as minorias sexuais e de gênero vivendo com HIV demonstram conhecimentos satisfatórios sobre transmissão e prevenção da doença. O estudo, realizado como dissertação do mestrado em Epidemiologia em Saúde Pública do Programa VigiFronteiras-Brasil/Fiocruz, destacou bom nível de entendimento dos consultados sobre o conceito I=I. Dos entrevistados, 80% dos indivíduos vivendo com HIV  indicaram entender o termo I=I, assim como 60% dos HIV negativos e 42,9% dos HIV desconhecido. A sigla “I=I” quer dizer "indetectável = intransmissível" e se refere ao fato de que quando uma pessoa com HIV alcança a carga viral indetectável, o vírus deixa de ser transmitido em relações sexuais. 

Os dados para a pesquisa foram coletados por meio de questionários enviados via redes sociais e aplicativos de relacionamento. A grande adesão à pesquisa foi, por si só, um achado importante. Mais de 50 mil pessoas responderam às perguntas, sendo o número reduzido para 20 mil após a triagem do pesquisador. Esses números podem indicar que as redes e apps utilizados no estudo são bons meios para divulgação de informações educativas sobre o HIV.

O conhecimento sobre o HIV, suas formas de transmissão, prevenção e tratamento são componentes vitais para a promoção da saúde e o controle da epidemia. A pesquisa conversou com indivíduos de diferentes regiões do país, faixas etárias, orientações sexuais, renda e escolaridade. Além do I=I, as perguntas se referiam a formas biomédicas de prevenção (pré-exposição, pós-exposição e preventivas). O estudo demonstrou que o conhecimento do HIV e o conhecimento da PrEP, TasP e PEP se correlacionam com o I=I como totalmente correto em todos os grupos populacionais. 

Em geral, indivíduos HIV positivos demonstraram mais conhecimento que aqueles HIV negativo ou desconhecido. Pessoas com seis a dez parceiros sexuais, com mais de 35 anos e residentes de capitais ou regiões metropolitanas também se destacaram como mais bem informadas. A pesquisa corrobora com outros estudos que demonstram que campanhas publicitárias podem ser uma forma eficaz de aumento de conhecimento e sensibilização sobre HIV, especialmente entre grupos socioeconomicamente mais vulneráveis à acessos a serviços de saúde. 

Segundo dados do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS) 38,4 milhões viviam com o HIV no mundo, em 2021. No mesmo período, eram 1 milhão de casos documentados no Brasil.

A dissertação: "Nível de conhecimento sobre as formas biomédicas de prevenção do HIV em minorias sexuais e de gênero no Brasil em 2021 um estudo epidemiológico transversal" é o trabalho de conclusão de mestrado de Kayser da Silva no Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia em Saúde Pública,da ENSP/Fiocruz, pelo Programa VigiFronteiras-Brasil/Fiocruz. O trabalho, apresentado no último dia 31, foi orientado pela professora doutora Paula Mendes Luz e pelo professor doutor Thiago Silva Torres. 

 

Foto de Claudio Schwarz na Unsplash