Seringa e ampola em um fundo azul

Pesquisa avalia políticas públicas contra a raiva humana do Brasil, Colômbia e Peru

A articulação e integração de dados e ações seria vantajosa para o combate à raiva no Brasil, na Colômbia e no Peru. Essa é uma das conclusões do estudo concluído recentemente pela veterinária e pesquisadora Larissa Ribas de Lima. Ela mapeou como os três países encaram o problema de extrema importância para a saúde pública, devido a sua letalidade de aproximadamente 100%. Signatárias da meta da Organização Mundial da Saúde (OMS) de erradicar as mortes por raiva humana até 2030, as três nações vizinhas ainda enfrentam desafios. Entre eles: dificuldades na imunização, oferta de diagnóstico e cobertura vacinal canina, além da grande interação entre animais domésticos e silvestres.

Segundo a OMS, a alta incidência da raiva humana está ligada à vulnerabilidade social. Nos países estudados, essa fragilidade se soma ao grande contato da população com animais potencialmente transmissores e às mudanças epidemiológicas da doença. A pesquisadora identificou que, em 2010, 50% dos casos no Brasil foram causados pela variante AGV3, isolada em morcegos hematófagos. Já a Colômbia e o Peru tiveram picos de raiva silvestre, no período estudado. 

A pesquisa analisou dados de 30 anos de documentação da raiva humana nos três países. As informações foram recolhidas do DataSUS, do Sistema de Información Regional para la Vigilancia Epidemiológica de la Rabia (Sirvera), do Sistema Nacional de Vigilância em Saúde Pública da Colômbia (Sivigila) e do Ministério da Saúde do Peru

Larissa Ribas analisou vários aspectos da vigilância e combate à raiva humana e apontou como os três países podem aprimorar as ações e trabalhar em conjunto. Entre os temas analisados na pesquisa estão as políticas públicas, as iniciativas de controle, e como são registrados os dados sobre a doença. 

Em termos de política pública, o estudo mapeou os decretos, normas técnicas e protocolos dos três países. O Peru é o que tem mais regulamentações sobre o assunto. Já o  Brasil tem mais documentação, embora elas estejam fragmentadas em diferentes esferas públicas. A pesquisa analisou, ainda, as atuações de vigilância em saúde, mapeando as práticas para notificação, investigação, eventos adversos, logística para testes, articulação entre instituições de saúde humana e animal. 

No mapeamento sobre como cada país coleta dados epidemiológicos, Larissa encontrou falhas, como dados incompletos, nos três países. Ela também alertou para as grandes diferenças na forma como os vizinhos determinam protocolos de profilaxia de pré e pós exposição. 

Larissa Ribas de Lima é mestre pelo programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Condições de Vida e Situações de Saúde na Amazônia (PPGVIDA), que faz parte do Programa Educacional em Vigilância em Saúde nas Fronteiras (VigiFronteiras). A dissertação "Políticas públicas contra a raiva humana do Brasil, Colômbia e Peru" foi o trabalho de conclusão do curso e teve orientação da professora doutora Alessandra Ferreira Dales Nava do ILMD/Fiocruz Amazônia. A banca examinadora foi composta pelos professores doutores Julio Andre Benavides Tala, do Institut de Recherche pour le Développement (IRD/França), e José Joaquin Carvajal Cortês, do ILMD/Fiocruz Amazônia.

 

(Imagem: Markus Spiske na Unsplash)