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Agentes Indígenas de Saúde têm papel transformador nas comunidades, mostra pesquisa

A pesquisadora Aline Aparecida Ferreira Artini acompanhou o trabalho de uma Agente Indígena de Saúde (AIS) em Manaus (AM) e mapeou todos os pontos em que a atuação desses profissionais é crucial para o atendimento médico à população. O estudo focou em comunidades indígenas no contexto urbano, o que se apresenta como um desafio a mais para a atenção à saúde. Entre os achados, a pesquisa mostrou que a troca de conhecimento e experiências entre equipes de saúde e os grupos e líderes indígenas fortalece os vínculos culturais e sociais, além de ampliar a assistência médica prestada.  

Segundo dados de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil conta com uma população de 1,6 milhões de indígenas, o que corresponde a 0,83% do total de brasileiros residentes no país. No ano passado, o Sistema Único de Saúde (SUS) registrou 11.941 atendimentos médicos a pessoas indígenas. O trabalho dos AIS é uma forma de descentralizar essa atenção e levar informação e assistência de saúde até os locais de residência dessa população. 

Muitos grupos indígenas, entretanto, têm se deslocado para centros urbanos. Com isso, o trabalho de monitoramento fica mais complexo. Na pesquisa, Aline Artini mapeou uma comunidade em Manaus que conta com 29 famílias e indivíduos de 36 etnias. O estudo foi qualitativo e utilizou a pesquisa de campo com usuário-guia. O processo incluiu escuta ativa e cartografia, em um mapeamento que incluiu não só a localização dos grupos, mas também suas conexões, costumes, tradições, etc.  

A profissional que trabalhou como guia para o estudo é da etnia Wotchimaücü. Com ajuda das pontes criadas pela agente indígena de saúde, a pesquisa conseguiu apontar como a atuação dos AIS são importantes para a prestação de serviços médicos à população indígena. Dentre os muitos pontos levantados, o estudo mostrou que o trabalhos dos AIS promove: ligação entre diferentes etnias indígenas por meio cuidado de saúde; ligação da medicina tradicional com os saberes ancestrais; relações sociais entre equipes de saúde e comunidades indígenas; entendimentos entre atores das comunidades; fortalecimento da rede de cuidado com a saúde dos indígenas. 

O estudo "Redes Vivas: o processo de trabalho de um agente indígena na atenção primária à saúde em Manaus, Amazonas" foi apresentado a dissertação de conclusão do mestrado de Aline Artini pelo Programa de Pós-Graduação em Condições de Vida e Situações de Saúde na Amazônia (PPGVIDA/ILMD/Fiocruz Amazônia), que faz parte do Programa Educacional em Vigilância em Saúde nas Fronteiras (VigiFronteiras-Brasil/Fiocruz). O trabalho foi orientado pelo professor doutor Júlio Cesar Schweickardt (ILMD/Fiocruz Amazônia). A banca examinadora contou com a participação do professor doutor Alcindo Antônio Ferla (UFRGS) e da professora doutora Fabiana Mânica (UFAM). 

 

(Imagem: SESAI/Ministério da Saúde)