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Índices de mortalidade infantil e de óbitos por violência são mais altos entre indígenas do que na população em geral no Mato Grosso do Sul

Enfermeiro com 17 anos de experiência em saúde indígena, Newton Gonçalves de Figueiredo pesquisou a mortalidade dessa população no Mato Grosso do Sul. Com os dados levantados, foi possível caracterizar o perfil de saúde dos povos indígenas e apontar indicadores de riscos à saúde. Os principais problemas identificados foram as altas taxas de óbitos em crianças menores de cinco anos em comparação com a população não indígena e mortes violentas de homens jovens em municípios com aldeias populosas.

A pesquisa reuniu dados sobre mortalidade de indígenas, traçando um perfil de sexo, faixa etária, local de residência e grupo de causas. O estudo focou em populações que vivem em contexto urbano e comparou os dados com aqueles das pessoas não indígenas. O trabalho resultou na dissertação “Caracterização do Perfil de Saúde dos Povos Indígenas de Mato Grosso do Sul de 2010 a 2018: uma análise a partir de indicadores de mortalidade”. Esse foi o trabalho de conclusão de Newton Gonçalves no mestrado do Pós-Graduação em Epidemiologia em Saúde Pública da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz). O curso integra o consórcio para oferta do Programa Educacional em Vigilância em Saúde nas Fronteiras (VigiFronteiras/Brasil), promovido pela instituição em parceria com o Ministério da Saúde e a Opas.

O estudo epidemiológico descritivo teve abordagem quantitativa e recorte transversal. O cruzamento dos dados levantados mostrou números preocupantes como o risco de morte por homicídio, que foi 1,6 vezes maior na população indígena, de 2010 a 2018. A ocorrência de suicídios foi ainda mais alta, chegando a ser nove vezes maior em grupos indígenas.

Entre os fatores que podem estar associados ao elevado número de mortes violentas de indígenas no Mato Grosso do Sul estão: vulnerabilidades socioeconômicas, confinamento territorial e reassentamentos, consumo abusivo de álcool e drogas e fragilização cultural.

Outro achado importante foi a alta taxa de mortalidade infantil em comparação com populações não indígenas. O estudo mostrou que a maior proporção dos óbitos infantis tem causas perinatais. Em segundo lugar, estão as malformações congênitas e, em terceiro, as doenças do aparelho respiratório. Para minimizar o problema, o pesquisador indica a necessidade de fortalecimento do atendimento de saúde materna e infantil nas aldeias e estratégias de redução das doenças prevalentes na infância.

O estado do Mato Grosso do Sul tem 32 municípios com população indígena. São oito etnias - Guarani, Kaiowá; Terena; Kadwéu, Kinikinaw, Atikun, Ofaie e Guató - distribuidas em 78 aldeias e 32 acampamentos em fase de homologação. No total, o estado tem uma população indígena de 80.841 habitantes. 

O trabalho foi orientado pelo professor doutor Paulo Cesar Basta (ENSP/Fiocruz). A banca foi composta pelas professoras doutoras Jocieli Malacarne (IFF/Fiocruz) e Ida Viktoria Kolte (ENSP/Fiocruz), além dos professores doutores Paulo Victor de Souza Viana (ENSP/Fiocruz) e Rui Arantes (ENSP/Fiocruz).

 

Imagem: Christopher Boswell na Unsplash